Lembro-me
de observar atentamente a desenvoltura e a elegância
O
sobrevoo delicado de um pobre beija-flor
Atraído
pelo perfume e pela fragrância
Cortando
o ar em um voo rasante
Guiado
por seu instinto
Ao
encontro de sua própria amante
Notei
a insistência com que buscava seu alimento
Porém,
de cada partícula de néctar
Lhe
viria, o prenúncio de seu sofrimento
O
farfalhar do vento antecipou sua ilusão
É
que de tal movimento
Flores
mortas tombaram ao chão
E
nada lhe serviu de alento
A
não ser a certeza da aflição.
E
uma nuvem de profunda tristeza
Pairou
sobre tal criatura
Aquilo
outrora visto com encanto e beleza
Jazia
agora em sua própria sepultura
Tratava-se
da mais pura rosa
E
naquele instante compreendeu
Que
a saudade é sua pior tortura
Compadeci-me
daquele ser
E
quis de algum modo buscar ajuda
Entretanto,
notei que minha intenção era totalmente vazia
Pois
remediava a dor
Mas
não curava a ferida
E
ali disperso entre a folhagem
Lembrei-me
do trecho de um livro infantil
Ao
reparar na singularidade daquela imagem
“Tu te torna eternamente responsável pelo o
que cativas”
Então,
visualizei o sofrimento e a dor
Por
fim, sentenciei
De
fato, aquela rosa havia cativado este beija-flor.
Ainda
sobrevoando o jardim
Buscou
forças para enfrentar este suplício
Nunca se está preparado para o fim
Ora,
mas a vida não é um constante reinício ?
Talvez,
esse seja o ponto de onde buscar apreço
Após
o fim de uma estação
Há
sempre um outro recomeço.
Àquele
beija-flor,
Esta
será minha singela homenagem
Ao
mundo, que nos impõe mudanças
A
força para seguir uma nova viagem
Doravante,
qual será meu Destino ?
Quero
olhar para frente de modo mais tranquilo
Pois,
só se leva dessa vida
O
que se aprende no caminho.
O
tempo continuará correndo
E
as estações irão se suceder
Quem
sabe em um dado momento
Daquela
rosa morta
Uma
outra há de nascer
E
assim, em uma mesma situação
Uma
outra flor
Cative
sua atenção.
Creio
que o mais importante é ter ciência
O
silêncio não é sinônimo de esquecimento
Deixar
o passado para trás