quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

um novo despertar

Às vezes nos tornamos prisioneiros de nossa própria ignorância. Sem perceber, conduzimos nossas vidas sendo escravos de nossas vaidades e incompreensões. E assim, nos superestimamos. Muitas vezes, julgando nossos interesses como o mais importante, desenvolvemos uma arrogância típica o suficiente para nos fazer acreditar que somos capazes de passar por tudo e por todos independentemente de ajuda alheia. No fundo, acredito que isso ocorre porque vivemos em um mundo de elevadas expectativas e demandas depositadas sobre nós. O curioso é que, por outro lado, nos tornamos cada vez mais insensíveis à dor e aos pequenos detalhes que cercam nossa existência. Assim, penso que, às vezes, devemos pacientemente desfrutarmos do erro, da angústia, do medo. Enfim, nada melhor do que a falha para nos arrebatar o orgulho e nos libertar do vício de nós mesmos.   
Às vezes basta um pequeno deslize para que percebamos o frágil equilíbrio em que sustentamos nosso raciocínio. Às vezes é preciso chegar ao fundo do poço para que percebamos que desconhecimento e fracasso não são sinônimos de fraqueza. De fato, acredito que a vida tem esse jeito todo especial de nos fazer dar valor a algo através do contraditório, do ambíguo.  Do mesmo modo que a falta nos ensina, o excesso nos empobrece.
Lembro-me de estar sozinho lendo alguns textos na faculdade antes de um prova. Era tarde, por voltas das 16hs, e ainda me encontrava preocupado com o tanto de textos que tinha deixado pra revisar na última hora.  Entre alguns momentos de sono e distração, que insistiam em me perturbar, me peguei olhando bem ao fundo do horizonte verde e seco a minha frente, para algum lugar onde céu e terra pareciam se fundir. De repente me percebi ali, admirando o sol, que anunciava seu próprio pôr, e o horizonte plano a minha frente.  Enfim, engraçado como a observação de uma cena simples pode às vezes desencadear todo um processo de introspecção e auto- questionamento.

Sentar sozinho em um espaço qualquer defronte ao sol e ao cerrado, ouvindo uma de minhas músicas nostálgicas me fez, por um breve instante, observar o mundo fora de mim, como se minha consciência personificasse uma outra pessoa. Lembro-me de ter sentido uma extrema sensação de conforto e paz interior, como se na verdade o sol fosse um ponto de fuga para dentro de mim mesmo.  Desse modo, notei que a contemplação daquele êxtase me fez querer mostrar mais gratidão pelo pouco que sou e o que tenho, tal qual houvesse uma força me despertando para um nova realidade. Naquele instante, senti que poderia passar horas observando o sol sem nem ao menos me importar com o tempo.   
No final das contas, percebi que a barreira do orgulho e da insensatez de nossos pensamentos é fruto de nossa própria omissão. Nossa omissão em derrubar as grades que constantemente nos apequenam e nos impedem de perceber que a felicidade, de fato, repousa na simplicidade dos detalhes. Nesse sentido, acredito ser dever de cada um de nós, por certos momentos, nos desligarmos do mundo extremamente competitivo em que vivemos, e apreciarmos mais detidamente a fragilidade, a inocência, a fraqueza e a sensibilidade que se estabelece ao nosso redor.  Enfim, nada melhor do que encontrar o brilho adequado para iluminar o caminho de nosso entendimento.  

Recalcule sua rota

Vejo que a vida tem constantemente essa capacidade incrível de nos dizer que não podemos ter tudo que queremos. E quer saber? Tudo bem. ...

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