quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Nessa vida, não há espaço para medíocres


  
“ Devia ter amado mais/ Ter chorado mais/ ter visto o sol nascer/ Devia ter arriscado mais/ E até errado mais/ Ter feito o que eu queria fazer” ( Epitáfio, Titãs/2002 ). Devo confessar que tenho receio de ouvir esta música e em algum grau de minha vida também olhar para trás e me lamentar por todo o caminho que poderia ter sido, mas não foi, me lamentar por todos os pequenos gestos e palavras que poderia ter feito ou dito, mas simplesmente fui incapaz de expressar. É totalmente desalentador o peso do arrependimento em nossa consciência. É como um fardo que insiste constantemente em nos lembrar de que não fomos bons o bastante no passado. Por isso, acredito cegamente que não deve haver espaço para a mediocridade em nossas relações. A vida é curta demais para pessoas mornas.
Ao longo da vida, pude observar alguns padrões de comportamento diante de certas atitudes. Apesar de toda a complexidade humana, é impressionante como nós reagimos de maneira tão parecida em certas ocasiões. Para mim, muitas vezes a frustração nada mais é do que o reconhecimento de que não investimos todo o nosso esforço em algo. De um modo mais simples: o arrependimento é o preço de nossa mediocridade.

Acredito que a vida tem um jeito todo especial e pedagógico de nos fazer aprender através dos erros. Por isso, considero que é indispensável a capacidade de estarmos sempre atento e focado no modo como conduzimos nossas escolhas. A bem da verdade, o fato é que muitas vezes nos pegamos inconscientemente reproduzindo atitudes que nós mesmos reprovamos. E nesse aspecto, não é difícil perceber como muitas vezes somente ao nos depararmos com uma grande dificuldade é que finalmente deixamos a ficha cair. E assim, compreendemos como a percepção do rápido envelhecimento ou da morte iminente tem um poder tão revelador sobres as crenças e valores individuais.
Diante disso, considero que devemos a todo momento, lutar contra as amarras que nos mantém presos no comodismo e em nossa tão conhecida zona de conforto. Não basta sermos nós mesmos. É preciso constantemente sermos a melhor versão possível de nós mesmos. Permitir-se integralmente e se lançar de corpo e alma em cada projeto que realizarmos, não é apenas uma escolha, é um projeto de vida. Por isso, penso que a maneira mais acertada de lidar com o fardo de nossas decisões, que um dia recairão sobre nossos ombros, é nos entregarmos 100% a absolutamente tudo e todos que nos interessam. A vida já é recheada de pessoas medíocres e negativas o bastante para nos provar do contrário. Na pior das hipóteses, a falha representa nosso esforço e a consciência limpa para seguir adiante. Por isso, eu insisto, nessa vida não deve haver espaço para pessoas medíocres. Afinal de contas, a vida é curta demais para pessoas mornas. 


segunda-feira, 31 de julho de 2017

De volta para Casa


“Mesmo com tantos motivos, pra deixar tudo como está. Nem desistir, nem tentar. Agora tanto faz, estamos indo de volta pra casa” ( 1985, Legião Urbana) Acredito que existe toda uma mística em torno do regresso à casa. Não à toa, frequentemente observo essa temática ser tratada em livros, filmes e músicas. Penso que esta forte simbologia existe em razão do que socialmente é esperado de cada um de nós: sair do ninho e ganhar a própria independência.
Na parábola do filho pródigo, o regresso à casa representa ao filho desertor o arrependimento juntamente com o reconhecimento dos próprios erros. Como se de algum modo, a casa concretizasse a idéia de zona de conforto, dentro da qual todo fracasso fosse não apenas tolerável como permitido. Para além disso, considero o conceito de lar como a expressão máxima de uma segurança materna, capaz de te acolher  a qualquer tempo quando o decurso de nossas vidas apontam para caminhos solitários.

Para o soldado que volta da guerra e reencontra sua família, a casa é a materialização da satisfação e a certeza do dever cumprido. É a constatação de que cada esforço valeu a pena, é a sensação de felicidade pelo simples fato de presenciar aquele momento. Enfim: é a definição mais precisa de que a dor da saudade apenas reforça o vínculo entre o lugar e a pessoa.
Interpreto o regresso simbolicamente como uma tentativa de volta ao passado, uma ação orientada a reencontrar um amontoado de boas recordações impregnadas em cada cm² daquele espaço. Embora haja todo um mito em torno do sujeito que ousa sair de sua zona de segurança, lança-se ao incerto e consegue se fazer na vida (vim vi venci), as razões que apontam para o regresso são muito mais complexas.
 Apesar de tudo, no fundo vejo esta mística em torno da volta como uma forma muito especial socialmente construída de se dizer o quanto algo ou alguém são verdadeiramente importantes para você.  É reconhecer uma parte da sua história e ter a ciência que você não tem a menor intenção de deixa-la esmaecer com o tempo. Enfim, voltar é um eterno convite ao reencontro consigo mesmo. 


Recalcule sua rota

Vejo que a vida tem constantemente essa capacidade incrível de nos dizer que não podemos ter tudo que queremos. E quer saber? Tudo bem. ...

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