Confesso que aprecio
muito o ato de refletir sobre si mesmo, de tirar um tempo de nossas vidas tão
apressadas e simplesmente pensar sobre como temos nos conduzido até aqui. Nesse
sentido, creio que o modo mais acertado de lidar com os desgastes e os
conflitos interpessoais, que invariavelmente surgem em nossas vidas, é através
do autoperdão e da busca do entendimento. Definitivamente, não há como acomodar
paz interior e amor próprio em cima de ressentimentos empurrados para debaixo
do tapete.
Com
o passar do tempo, a gente começa a desenvolver essa maturidade para perceber
que mais importante do que estar correto é estar bem. E quando isso vem à
mente, começamos a nos despir de nossas vaidades, orgulhos e mesquinharias.
Começamos a perceber que vale muito mais um “eu te entendo, e aprecio o seu
esforço” do que frases de repreensão.
Após
muitos erros e acertos, a gente começa a valorizar a estabilidade emocional
tanto quanto a saúde física. Começamos a apreciar cada vez mais essa sensação
de amor próprio que só vem quando se está em paz consigo mesmo e com o universo
ao seu redor. Bom mesmo seria se pudéssemos ter chegado a essas conclusões mais
cedo. De todo modo, gosto de ser grato aos erros cometidos, pelo privilégio da
aprendizagem.
Certa
vez, enquanto caminhava pela rua, observei ao longe algumas crianças brincando
em uma viela estreita. Ao me aproximar, perdido em algumas reflexões pessoais e
certas preocupações, fui surpreendido por uma delas que, com uma máquina
fotográfica de brinquedo em mãos, me dirigiu as seguintes palavras. “Moço, dá
um sorriso ”. A surpresa daquela simples frase me deixou desconcertado, e
enquanto ainda caminhava, esbocei um tímido sorriso.
Talvez
aquela foi a primeira vez que eu sorri naquele dia, e tão de súbito, eu percebi
ali, enquanto andava, a sutileza daquele detalhe. O fato é que vivemos vidas
tão atarefadas, que poucas vezes desenvolvemos essa sensibilidade para olhar ao
lado e apreciar o pôr-do-sol ou desfrutar de uma boa gargalhada. Acredito que a
chave para uma convivência harmoniosa e de paz interior é justamente esta
percepção minuciosa do pequeno e do aparentemente banal .
Evidentemente,
conflitos pessoais sempre existirão, porém, assim como me fez lembrar aquela
criança, para cada preocupação que nos aflige, sempre haverá ótimos motivos
escondidos para uma boa risada. Particularmente, acho que não há modo melhor
de olhar para vida do que ser grato por absolutamente tudo.