segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Recalcule sua rota


Vejo que a vida tem constantemente essa capacidade incrível de nos dizer que não podemos ter tudo que queremos. E quer saber? Tudo bem. A vida em si, tem um efeito pedagógico impressionante. Basta desenvolvermos a sensibilidade para interpretar seus sinais.
A mim, esse sonoro não que ouço recorrentemente, me faz adotar uma percepção de mais humildade. Afinal, como manter uma postura arrogante, sabendo que fatos estranhos a minha vontade acontecem a todo momento em minha vida.  Pura tolice, achar que diante da vastidão do universo detemos de algum modo, algo de especial sobre as demais pessoas.
No final das contas, a vida não se trata de construir o futuro do modo como melhor queremos, mas sim de equilibrar expectativas e oportunidades diante das possibilidades que temos agora. Prova disso, é que muito provavelmente, não temos o emprego que sonhamos, o grau de relacionamentos sociais que almejávamos e nem o patrimônio que desejaríamos acumular. E quer saber ? Tudo bem. A vida constantemente nos ensina a recalcular nossa rota em face de oportunidades perdidas ou desperdiçadas.
Não precisamos ser excepcionais em tudo nem felizes a todo momento. Ouvir um não é muitas vezes tão alentador quanto o sabor da vitória, e sobretudo, nos faz lembrar que o fracasso, o medo e a rejeição são tão humanos quanto parecem.
Os diversos “nãos” que ouvimos na vida, nos ajudam a consolidar quem somos hoje, nos ajudam a ter uma percepção mais apurada de qual caminho não seguir ou de qual postura não adotar.  Naturalmente, nossa condição humana é totalmente avessa à rejeição, por isso, vejo que confrontá-la seja tão doloroso.
Em um ambiente onde clamamos cada vez mais por atenção, das redes sociais ao culto da personalidade. Receber um não, é a total negação de nosso projeto de ser. É a percepção pura de que não somos bons o bastante para algo, ou alguém.  Na prática, agimos como se precisássemos ter a validação social de quem gostamos, para termos a certeza de que estamos no cominho certo. 
E quando essa frustração por não corresponder ao que se era desejado vem, nos sentimos péssimos e desalentados. Mas afinal, quem disse que precisamos sermos melhor do que aquele que nos rejeitou para estarmos bem ? Que premissa é essa, que para sermos feliz, aquele que nos feriu precisa estar em baixo, rastejando em migalhas ? Se arrepender, perdoar e se grato pelas experiências da vida, além de traços de um bom cristão, são atitudes essenciais para viver em paz consigo mesmo.
Desde as várias vezes que erramos até acertamos as primeiras palavras ou que caímos até encaixar os primeiros passos, quando criança, até as incontáveis reprovações em exames, desapontamentos a familiares, rejeições em relacionamentos ou perdas de foco e motivação na fase adulta, a sensação de fracasso é uma das experiências mais recorrentes que vivenciamos em nossa vida. E quer saber ? Isso é ótimo.
Abrace suas fraquezas e erros, sinta-se confortável em não ser o melhor sempre, mas jamais deixe de evoluir com suas decepções.





sábado, 15 de setembro de 2018

Para cada lágrima, um sorriso.


    Confesso que aprecio muito o ato de refletir sobre si mesmo, de tirar um tempo de nossas vidas tão apressadas e simplesmente pensar sobre como temos nos conduzido até aqui. Nesse sentido, creio que o modo mais acertado de lidar com os desgastes e os conflitos interpessoais, que invariavelmente surgem em nossas vidas, é através do autoperdão e da busca do entendimento. Definitivamente, não há como acomodar paz interior e amor próprio em cima de ressentimentos empurrados para debaixo do tapete.
   Com o passar do tempo, a gente começa a desenvolver essa maturidade para perceber que mais importante do que estar correto é estar bem. E quando isso vem à mente, começamos a nos despir de nossas vaidades, orgulhos e mesquinharias. Começamos a perceber que vale muito mais um “eu te entendo, e aprecio o seu esforço” do que frases de repreensão.
    Após muitos erros e acertos, a gente começa a valorizar a estabilidade emocional tanto quanto a saúde física. Começamos a apreciar cada vez mais essa sensação de amor próprio que só vem quando se está em paz consigo mesmo e com o universo ao seu redor. Bom mesmo seria se pudéssemos ter chegado a essas conclusões mais cedo. De todo modo, gosto de ser grato aos erros cometidos, pelo privilégio da aprendizagem.
                Certa vez, enquanto caminhava pela rua, observei ao longe algumas crianças brincando em uma viela estreita. Ao me aproximar, perdido em algumas reflexões pessoais e certas preocupações, fui surpreendido por uma delas que, com uma máquina fotográfica de brinquedo em mãos, me dirigiu as seguintes palavras. “Moço, dá um sorriso ”. A surpresa daquela simples frase me deixou desconcertado, e enquanto ainda caminhava, esbocei um tímido sorriso.
               Talvez aquela foi a primeira vez que eu sorri naquele dia, e tão de súbito, eu percebi ali, enquanto andava, a sutileza daquele detalhe. O fato é que vivemos vidas tão atarefadas, que poucas vezes desenvolvemos essa sensibilidade para olhar ao lado e apreciar o pôr-do-sol ou desfrutar de uma boa gargalhada. Acredito que a chave para uma convivência harmoniosa e de paz interior é justamente esta percepção minuciosa do pequeno e do aparentemente banal .  
            Evidentemente, conflitos pessoais sempre existirão, porém, assim como me fez lembrar aquela criança, para cada preocupação que nos aflige, sempre haverá ótimos motivos escondidos para uma boa risada. Particularmente, acho que não há modo melhor de olhar para vida do que ser grato por absolutamente tudo.



domingo, 5 de agosto de 2018

Deixa partir


Liberte-me de suas mãos, Deixe-me voar para terras distantes/ Sobre campos verdes, árvores e montanhas/ Flores e fontes em florestas. Para casa, ao longo das raias do horizonte. (tradução de trecho da música skyline Pegeon, Elton John. 1969 ).  Confesso que nem sempre é fácil desapegar de pessoas, circunstâncias ou lugares. Sobretudo quando ainda há emoções envolvidas. Entretanto, noto que a vida constantemente nos ensina que é preciso sepultar o passado para que o presente possa ter lugar. Aprendi que é preciso deixar partir aquilo que um dia já foi importante, soltar as mãos daquilo que nos acorrenta às lembranças e ter a coragem de fixar o olhar no horizonte a nossa frente, muita embora cada parte do nosso corpo nos diga que é mais seguro ficar ali parado, ao invés de iniciar a caminhada.  

Gosto de pensar que a vida é como um rio, que caminha sempre em sentido ao mar.  Quer gostemos ou não, o universo não nos questiona se queremos avançar, retardar ou voltar no tempo. Por isso, não nos resta outra opção a não ser nos deixar se conduzido pela correnteza e apreciar cada detalhe da viagem no seu tempo oportuno.  Assim, vejo que fixar demasiada atenção em águas passadas nos impede de observar o novo que se produz a cada instante. Da mesma forma, noto que cada fase de nossas vidas trás consigo um conjunto de preocupações e descobertas bem características.
Definitivamente, não tenho a mesma inocência, nem os mesmos medos de quando era criança , tampouco a mesma imaturidade de 10 anos atrás. Ter a coragem de levantar a cabeça e olhar para cada percalço do caminho é perceber que cada mudança de ritmo na viagem invariavelmente trás consigo novas aprendizagens. É perceber que a experiência adquirida no trajeto nos deixa mais sensível a notar sutileza de cada detalhe.
É bem verdade que somos o constante produto de nosso passado. E, irremediavelmente, ao longo de toda essa jornada acumulamos muitas decepções, mágoas , raivas e um punhado de tantas outras emoções negativas. Nesse meio termo, constatei que os sentimentos ruins nunca se acabam por si mesmo, mas pelo contrário, se retroalimentam. Por isso, aprendi que deixar crescer em nós tais sentimentos é também acumular uma parte do lixo juntado no caminho e que fomos incapazes de descartar no momento adequado. Assim,  deixar partir é jogar fora o desnecessário e compreender que cada vírgula de nossa autobiografia foi indispensável para a consolidação do que nós somos hoje.
Deixar partir é sinal que você valoriza a si mesmo, e tem confiança o bastante para acreditar que é preferível a incerteza do horizonte ao sofrimento do presente. É olhar para cada grão de areia que escorre entre os dedos e perceber que a beleza da vida reside justamente nessa completa imprevisibilidade de idas e vindas. Em suma, deixar partir e permitir chegadas é simplesmente compreender que a vida é um fenômeno muito maior que nossa capacidade de abstraí-la, mas tudo bem.  Não há problema algum com isso.

                                                ( skyline Pegeon, Elton John) 



Recalcule sua rota

Vejo que a vida tem constantemente essa capacidade incrível de nos dizer que não podemos ter tudo que queremos. E quer saber? Tudo bem. ...

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