segunda-feira, 31 de julho de 2017

De volta para Casa


“Mesmo com tantos motivos, pra deixar tudo como está. Nem desistir, nem tentar. Agora tanto faz, estamos indo de volta pra casa” ( 1985, Legião Urbana) Acredito que existe toda uma mística em torno do regresso à casa. Não à toa, frequentemente observo essa temática ser tratada em livros, filmes e músicas. Penso que esta forte simbologia existe em razão do que socialmente é esperado de cada um de nós: sair do ninho e ganhar a própria independência.
Na parábola do filho pródigo, o regresso à casa representa ao filho desertor o arrependimento juntamente com o reconhecimento dos próprios erros. Como se de algum modo, a casa concretizasse a idéia de zona de conforto, dentro da qual todo fracasso fosse não apenas tolerável como permitido. Para além disso, considero o conceito de lar como a expressão máxima de uma segurança materna, capaz de te acolher  a qualquer tempo quando o decurso de nossas vidas apontam para caminhos solitários.

Para o soldado que volta da guerra e reencontra sua família, a casa é a materialização da satisfação e a certeza do dever cumprido. É a constatação de que cada esforço valeu a pena, é a sensação de felicidade pelo simples fato de presenciar aquele momento. Enfim: é a definição mais precisa de que a dor da saudade apenas reforça o vínculo entre o lugar e a pessoa.
Interpreto o regresso simbolicamente como uma tentativa de volta ao passado, uma ação orientada a reencontrar um amontoado de boas recordações impregnadas em cada cm² daquele espaço. Embora haja todo um mito em torno do sujeito que ousa sair de sua zona de segurança, lança-se ao incerto e consegue se fazer na vida (vim vi venci), as razões que apontam para o regresso são muito mais complexas.
 Apesar de tudo, no fundo vejo esta mística em torno da volta como uma forma muito especial socialmente construída de se dizer o quanto algo ou alguém são verdadeiramente importantes para você.  É reconhecer uma parte da sua história e ter a ciência que você não tem a menor intenção de deixa-la esmaecer com o tempo. Enfim, voltar é um eterno convite ao reencontro consigo mesmo. 


Recalcule sua rota

Vejo que a vida tem constantemente essa capacidade incrível de nos dizer que não podemos ter tudo que queremos. E quer saber? Tudo bem. ...

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