“De tanto querer ser em
tudo o primeiro. Esqueci de viver os detalhes pequenos. De tanto brincar com os
meus sentimentos Vivendo de aplausos, envolto em sonhos” (Me esqueci de viver/
José Augusto ) Confesso que ouvir esta música me faz despertar para uma
específica reflexão sobre como muitas vezes somos conduzidos por nossos orgulhos,
vícios e vaidades. Gosto de refletir sobre a natureza humana e buscar
formas de entende-la. De fato, não é difícil perceber como muitas vezes nos
iludimos dentro do universo de aparências que nós mesmos construímos.
Fantasiando-nos de algo maior do que de fato somos, muitas vezes buscamos no
exterior nossa própria essência. E gradualmente, é possível perceber que toda
essa busca incessante por preencher nosso vazio revela-se infrutífera.
Sinceramente, tenho receio de que algum dia, assim como o eu lírico da canção,
eu possa olhar para trás e perceber que tudo o que eu vivi não passou de um
grande engano.
Tenho para mim que o homem é o
constante conflito de suas contradições, medos e vaidades. Inevitavelmente,
haverá momentos de maior e menor sensatez, maior ou menor humildade. Quer
queiramos ou não, somos produtos de nosso contexto e tendemos a amadurecer com
o tempo. E quando esse momento de maior sobriedade nos arrebata, nada pior do
que perceber o fardo do arrependimento por aquilo que deveríamos ter feito ou
evitado. Nada pior do que sentirmos o peso de nossa consciência
sobrecarregar-nos os ombros. É quando nos tornamos reféns de nós mesmos e
vítimas daquilo que éramos no passado.
O orgulho ferido e a vergonha de
nós mesmos, nos faz sentirmos cada vez mais desprezíveis. É quando a superficialidade
de nossas iniciais razões é confrontada com valores muito maiores. Fantasiar um
universo paralelo como zona de conforto para nossas imperfeições não muda a
realidade a ser enfrentada. Assim, percebo que buscar no outro ou em algo
externo a nós a validade para nosso auto respeito, é entrar numa espiral que
tende inevitavelmente a se esgotar.
Talvez,
este exercício de reflexão que faço agora, me ajude, ainda que minimamente, a
desenvolver um grau de discernimento necessário a lidar com as inconstâncias da
vida. Bom, o fato é que os arrependimentos que tive e o medo de errar novamente
são os melhores combustíveis para manter-me focado e vigilante. Enfim, nada
melhor do que se lembrar das próprias falhas, para evitar se esquecer de viver.
Bela observação!
ResponderExcluirFantasiar uma vida perfeita da qual não fazemos parte é um exercício de auto-negação. Isso revela a inexistência de autoconhecimento e autoestima, incorrendo numa busca incessante ao que é externo para suprir o vazio existente...
Acho que devemos procurar a felicidade dentro de nós mesmos, sendo consciente de quem somos e o que queremos, e assim nos aceitarmos por completo. Dessa maneira, viveremos harmoniosamente, com paz interior, e evitaremos o arrependimento de uma vida vazia.
Parabéns pelo texto!
"[...]o fato é que os arrependimentos que tive e o medo de errar novamente são os melhores combustíveis para manter-me focado e vigilante. Enfim, nada melhor do que se lembrar das próprias falhas, para evitar se esquecer de viver. "
ResponderExcluirGenial