Não
é fácil deixar de defrontar com a derrota e suas implicações em nosso dia a
dia. Frequentemente, nós nos deparamos com inúmeras situações em que, mesmo
preparados e habilitados para executar e ou lidar com o fato, experimentamos o
fracasso. De imediato, me vem à cabeça o exemplo dos esportes de alto rendimento,
nos quais, invariavelmente, um dos atletas ou grupo de atletas amargará o
insucesso ao final de uma competição. Nesse sentido, não há nada que possamos
fazer a respeito, simplesmente porque o controle dos acontecimentos e o modo
como os mesmos podem ocorrer fogem completamente do domínio humano. A
imprevisibilidade é um fator constante em nossas vidas, quer seja no trabalho
ou nas atividades recreativas.
Diante
disso, o máximo que o homem é capaz de interferir para atingir seus próprios objetivos reside no controle de suas competências, pois a despeito do
que é conhecido no senso comum, a prática leva ao aperfeiçoamento, e este potencializa as chances de vitória. Não é à toa que diversas máximas e adágios
populares expressam e enfatizam o valor do trabalho, do treino e da repetição para que as metas sejam alcançadas.
Entretanto,
quando os resultados não vem não nos resta outra coisa senão lamentarmos.
Vivemos em uma sociedade profundamente atrelada aos resultados. Se vendemos x
produtos somos promovidos, se ganharmos y medalhas somos os melhores, se
conquistarmos z campeonatos somos imbatíveis. A derrota, seja ela na
brincadeira no esporte ou no quotidiano da vida, sempre nos causa desconforto,
afinal, ela é sintomática de que estamos fazendo algo errado ou aquém dos resultados esperados.
Assim,
me vem à mente algo um tanto quanto inusitado. Diria que a derrota carrega em
si uma grande função social. Sim, ela como um sábio, se coloca sempre ao nosso
lado, à espera de um momento de deslize à espreita de que ao incorrermos no
erro ela nos esbofete na cara e nos diga “ você não será o melhor
enquanto não procurar ser o melhor.” Se por um lado crescemos ouvindo aquela
velha máxima “ O importante é competir”, no fundo, sempre queremos ser os
melhores. Vivemos numa sociedade que exalta o primeiro colocado e se esquece
dos demais. Creio que não compete à mim buscar mudar essa situação. Não penso
que devemos nos satisfazer e acomodarmos com o que temos. Ora, a ambição e
ousadia para tentar, quando dentro do parâmetro moral, são sempre muito bem
vindos. Penso seriamente em começar a ouvir esta voz da derrota e me deixar
motivar por ela. Talvez assim, meu relacionamento com o erro seja bem mais
amigável.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
sintam-se livres para sugerir criticar ou apenas deixar sua opinião !